Saturday, March 13, 2010

Da Insegurança à Visão Pastoral Missionária

Em uma visita que fiz à uma cidade aproximadamente 200km de distância de Goa, India, conhecí um pastor que afirmou que não podia participar da reunião de pastores para não dar a entender aos seus membros da igreja que estava sendo influenciado por outras teologias. “Se eles souberem que tenho participado de uma reunião como essa, o que eles podem fazer ou pensar de mim?”. Já um outro pastor afirmou de forma contudente que não precisava de uma reunião como aquela, porque tinha achado depois de seis anos de procura, um pastor amigo e com este novo amigo ele podia abrir o coração e ter momentos agradáveis de comunhão. Ele limitou-se apenas a um.

A cada dia é impressionante ver o quanto a insegurança na vida do pastor tem afetado a vida cotidiana da Igreja e principalmente quanto a real visão do Reino de Deus. A Insegurança pastoral nada mais é do que a sua incapacidade de ser o que ele deveria ser e medo de ser o que ele não gostaria de ser. A Igreja precisa de homens que não tenham medo de encontros. Encontros com aqueles que são diferentes. Precisamos de homens que não tenham receio de se reunir com outros que pensam diferente dele mesmo. A solidão interior provinda da vocação não nos torna uma ilha. Amadurecer através das relações com outros pastores com diferenças doutrinárias periféricas sem perder as convicções pessoais é um dos grandes desafios para a comunhão dos santos numa perspectivas pastoral. Como pastores reformados, pregamos muito bem sobre este meio de graça, a comunhão dos santos, para os nossos membros, mas muitos são incapazes de sentar e orar com um outro pastor até mesmo da própria denominação. A capacidade de conviver com o todo corpo de Cristo é também uma expressão da consciência da beleza da multitude do Reino de Deus composto de diferentes povos, línguas, nacionalidades espalhado pela face da terra. Se nós continuarmos com medo de “encontros” com certeza corremos o risco de não nos encontramos com Deus. Além dEle ser diferente de nós, a maior parte das vezes pensamos completamente o oposto dEle.

Quando ainda jovem aspirando o sagrado ministério, pensei que as tentações seriam as mesmas da minha vida anterior. Quando me tornei pastor, percebi que algumas são, mas que outras foram acrescidas às antigas tornando a vida pastoral mais desafiadora e dependente de Deus. Pensar em um ministério partindo de um “gueto confortável” e não da realidade do Reino de Deus, é uma das tentações diante de qualquer líder. Incentivar os laços comunitários na igreja local e vê-los extendidos na minha vida pessoal com os demais pastores e líderes locais sem perder a minha identidade doutrinária, sem sombra de dúvida é uma outra tentação. Acredito que muitos pastores têm caído nesta tentação, pois vemos alguns que, da noite para o dia, tem mudado seus discursos e teologia conforme os ventos do modismo comprometendo a verdade.
Para fazermos missões, comprometido com o Reino de Deus, precisamos da capacidade de se relacionar com as diferenças na cultura reagente. Se assim não for, seremos meros missionários e pastores frustrados sem a grandeza cristã da capacidade de unir forças. Precisamos evitar a proliferação de atividades afins como fruto de uma competiçao cristã, unir os nossos recursos nos própositos divinos, formar equipes missionárias e pastorais com trabalhos harmoniosos e qualquer outra atividade que resulte na glória de Deus preveniente da nossa unidade. E isso, só se é possível quando temos a real visão do Reino de Deus lançando fora o nosso medo.

É na igreja local que se tem o exemplo de unidade e cooperação para os missionários de amanhã. Queira Deus, que os futuros enviados continuem olhando para os seus pastores, tendo-os como exemplos de homens seguros para que façam diferenças nos confins da terra afim que o mundo creia que Deus, harmoniosamente, enviou Jesus Cristo.

Recordando-me de Deus,